Revista CadernoS de PsicologiaS

Contribuições de Sándor Ferenczi
para a teoria psicanalítica sobre o trauma

Darlan Tales Zantutti
Graduando de Psicologia pelo Centro Universitário Campo Real
E-mail: darlantales@gmail.com
Guilherme Almeida de Lima
Psicólogo (CRP-08/30681)
E-mail: guialmeidadelima@gmail.com
#Inquietações_teóricas

Resumo: O trauma é uma experiência inevitável e constitutiva na vida humana, criando “feridas psíquicas”, entretanto existem distintas compreensões sobre esse mesmo fenômeno. No campo médico, o trauma é causado por ações externas, como lesões, e a cura implica no retorno ao estado anterior. Desse modo, a partir da metodologia caracterizada pelo seu teor bibliográfico e exploratório, o presente trabalho tem como objetivo expor e analisar o conceito de trauma apresentado pelo psicanalista Sándor Ferenczi (1873-1933), a partir de duas questões condutoras: i) se tratando de um trauma psíquico, como retornar a este estágio anterior que por vezes se dá na mais tenra infância; ii) qual a dinâmica psíquica na formação do trauma para a Psicanálise e quais seus efeitos constitutivos na vida psíquica do sujeito. Conclui-se que a proposta clínica de Ferenczi possibilita a legitimação e a validação da experiência do trauma, desta forma permitindo a perlaboração da vivência traumática.

Palavras-chave: Psicanálise. Trauma. Ferenczi.

SÁNDOR FERENCZI’S CONTRIBUTIONS TO PSYCHOANALYTIC THEORY ABOUT TRAUMA

Abstract: Trauma is an inevitable and constitutive experience in human life, creating “psychic wounds”, but there are different understandings of this same phenomenon: in the medical field, trauma is caused by external actions, such as injuries, and healing implies a return to the previous state. Thus, based on a methodology characterized by its bibliographical and exploratory content, the aim of this work is to expose and analyse the concept of trauma presented by psychoanalyst Sándor Ferenczi (1873-1933), based on two guiding questions: i) in the case of psychic trauma, how do we return to this previous stage, which sometimes occurs in early childhood; ii) what are the psychic dynamics in the formation of trauma for psychoanalysis and what are its constitutive effects on the subject’s psychic life. The conclusion is that Ferenczi’s clinical proposal makes it possible to legitimize and validate the experience of trauma, thus allowing the traumatic experience to be worked through.

Keywords: Psychoanalysis. Trauma. Ferenczi.

LOS APORTES DE SÁNDOR FERENCZI A LA TEORÍA PSICOANALÍTICA SOBRE EL TRAUMA

Resumen: El trauma es una experiencia inevitable y constitutiva de la vida humana, que crea “heridas psíquicas”, pero existen diferentes comprensiones de este mismo fenómeno: en el ámbito médico, el trauma es causado por acciones externas, como lesiones, y la curación implica una vuelta al estado anterior. Así, a partir de una metodología caracterizada por su contenido bibliográfico y exploratorio, este trabajo pretende exponer y analizar el concepto de trauma presentado por el psicoanalista Sándor Ferenczi (1873-1933), a partir de dos preguntas orientadoras: i) en el caso del trauma psíquico, cómo se puede retornar a ese estado anterior, que a veces ocurre en la primera infancia; ii) cuáles son las dinámicas psíquicas en la formación del trauma para el psicoanálisis y cuáles son sus efectos constitutivos en la vida psíquica del sujeto. La conclusión es que la propuesta clínica de Ferenczi permite legitimar y validar la experiencia del trauma, permitiendo así trabajar la experiencia traumática.

Palabras-clave: Psicoanálisis. Trauma. Ferenczi.

O que cura é o afeto: não há terapia sem simpatia.
Sandor Ferenczi

Sándor Ferenczi (1873-1933), foi um médico húngaro e um dos pioneiros da psicanálise, o qual apresentou ideias originais e revolucionárias para a teoria e prática da psicanálise. A experiência e prática clínica de Ferenczi desde muito cedo apontou como caminho suas inquietações com a práxis da psicanálise, seu primeiro texto psicanalítico Do alcance da ejaculação precoce” (Ferenczi,1908a/1991), inaugura seus estudos pessoais em psicanálise onde o mesmo explora o tema através da perspectiva das mulheres que sofrem pela impotência de seus parceiros. É através de tal texto que o autor conhece Sigmund Freud (1856/1939) e passa a participar ativamente das descobertas da psicanálise.  

É Ferenczi a quem Freud recorria ao enviar seus pacientes, os ditos “pacientes difíceis”, os casos graves eram encaminhados para Budapeste, onde o psicanalista Húngaro se propôs a tecer uma nova forma de ouvir seus pacientes que destoava dos clássicos neuróticos atendidos por Freud em Viena. Aponta para a importância deste autor muitas vezes renegado pelos psicanalistas. Era Ferenczi a qual seus colegas recorriam para tratar dos “pacientes graves”, era visto como um pesquisador nato e por não medir esforços em experimentar novas técnicas, sendo considerado o “paraíso dos casos perdidos” (Balint, 1949, p.217). O enfant terrible como se autodenominava teve como legado suas contribuições e revoluções para a teoria e prática clínica da psicanálise.

Dentre os textos mais geniais e importantes da obra do autor, é em 1928 que Ferenczi apresenta o texto denominado “A elasticidade da técnica psicanalítica” que salientava a importância do que o psicanalista chamou de “tato psicológico”, que segundo o autor:

É uma questão de tato psicológico, de saber quando e como se comunica alguma coisa ao analisando, quando se pode declarar que o material fornecido é suficiente para extrair deles certas conclusões; em que forma a comunicação deve ser, em cada caso, apresentada; como se pode reagir a uma reação inesperada ou desconcertante do paciente; quando se deve calar e aguardar outras associações; e em que momento o silêncio é uma tortura inútil para o paciente, etc. Como se vê, com a palavra “tato” somente consegui exprimir a indeterminação numa fórmula simples e agradável. (Ferenczi, 1928, p. 31.).

Ao propor a noção de “tato psicológico” Ferenczi apresenta uma grande contribuição para a práxis da psicanálise, trabalhando via transferência com o paciente pontos sensíveis, apresentado a ideia de “sentir com” ponto em cheque alguns paradigmas apresentados até então, como o próprio autor enfatiza o que cura é o afeto, desta forma estar presente por vezes no silêncio junto ao paciente demonstra uma ética do cuidado.

Nos anos de 1910, Ferenczi propôs junto a Freud a criação da IPA (International Psychoanalytical Association), criou também em Budapeste a Sociedade Psicanalítica Húngara, que esteve presente até sua morte em 1933, foi em 1918 eleito por seus colegas como presidente da IPA, foi Ferenczi o responsável para a entrada da psicanálise na Universidade, criando em 1919 o Departamento de Psicanálise.

Ferenczi sempre foi um pesquisador inquieto frente às demandas que atravessavam seu fazer clínico, foi ele quem cunhou a “segunda regra fundamental” da análise que consistia em dizer que todo analista deveria se submeter a sua análise pessoal para poder atender seus pacientes (Ferenczi, 1927/1992). Tal “regra” tornou-se fundamental para aqueles que se propõem a uma formação em psicanálise.

Desenvolvimento

Sándor Ferenczi (1873-1933) foi um dos pioneiros da psicanálise, suas teorias se pautavam em sua prática clínica, ao passo em que era um grande questionador, propôs ao decorrer de sua vivencia diversas práticas que avançaram com os estudos em psicanálise. Dentre as diversas teorias de Ferenczi este trabalho tem como foco a teoria do trauma a fim de colocar luz sobre o tema, para que se possa pensar em um manejo mais “sensível e humano” frente ao analisando.

O trauma para Ferenczi vai além do sexual apresentado por Freud (1856-1939), em uma construção incrivelmente original, o psicanalista húngaro separa o trauma em três tempos, sendo eles: o tempo do indizível, tempo do testemunho e o desmentido; os quais serão apresentados ao longo do texto.

A obra Ferencziana influenciou diversos psicanalistas como Ernest Jones (1879-1958), Melanie Klein (1882-1960), Michael Balint (1893-1970), entre eles os mais importantes atualmente, Donald Woods Winnicott (1896-1971) e Jacques Lacan (1901-1981). Portanto vê-se necessário retomar os estudos de Ferenczi e o seu manejo com os pacientes ditos “difíceis”, visto que na atualidade tal conceito apresentado como o “indizível” e o “desmentido” permanece tão atual na cultura contemporânea. 

É importante ressaltar que Ferenczi teve uma atuação política ativa na defesa dos homossexuais, se opondo aos que consideravam a homossexualidade como crime e os tratavam como criminosos, se mostrou a favor dos analistas “leigos”, foi contra o cartel médico de muita relevância que se formou nos Estados Unidos, foi também pioneiro e um incansável pesquisador e clínico na área de tratamento de vítimas de abuso sexual infantil, elaborando novas e inovadoras formas de compreensão teórico-clinica das dinâmicas do trauma (Stanton, 1990).

Os tempos do Trauma

Como ponto de partida, Ferenczi apresenta o vínculo amoroso intenso que uma criança possui com um adulto por exemplo e uma vez rompido de forma brutal e inominável através de algum tipo de violência, seja ela verbal, física, sexual, intelectual ou simbólica, inicia-se então uma experiência traumática. Ferenczi acreditava que o indizível era impossível de se colocar em palavras, sendo este para a criança um grande causador de angústia e uma confusão psíquica da qual a mesma não consegue sequer nomear sua dor, é o que Ferenczi denomina de tempo do Indizível (Ferenczi, 1931/1992).

Em um segundo momento denominado por Ferenczi como tempo do testemunho, a criança que sofreu a violência busca em um outro adulto diferente daquele a qual sofrerá a violência e com o qual possui algum vínculo de confiança, para que possa endereçar seu sofrimento até então inominável para que o adulto possa ajudá-la a simbolizá-lo.

A progressão para um terceiro tempo se dá quando o testemunho é negligenciado pelo adulto, tornando para a criança impossível a sublimação, ao passo em que a fala da criança é desautorizada pelo adulto, para este tempo do trauma Ferenczi dá o nome de desmentido. Desta forma o círculo traumático se inicia e como veremos mais detalhadamente ao decorrer do texto o desmentido seria um alicerce para o trauma psíquico, como pontua Ferenczi:

O pior é realmente o desmentido [Verlugnung], a afirmação de que nada aconteceu, de que não houve sofrimento ou até mesmo ser espancado e repreendido quando se manifesta a paralisia traumática do pensamento ou dos movimentos; é isso, sobretudo, o que torna o traumatismo patogênico. (Ferenczi, 1931/1992, p. 109).

Ferenczi dá uma maior importância para o desmentido sendo quase como um “fio condutor” para pensar o trauma e suas implicações psíquicas e por vezes físicas para o sujeito.

Neste circuito de afetos a escuta proposta pelo analista se torna essencial para a elaboração da experiência traumática, desta forma o tempo de circulação da palavra abre espaço para uma ressignificação destes afetos reprimidos. O analista então ao ouvir o relato legitima o paciente, “devolve sua voz”, valida sua dor e acolhe seu relato traumático. 

É na relação transferencial que o analista busca escutar o não-dito, o radical, o indizível, em suma a palavra endereçada ao analista é o que promove a dissolução e a dissecação da experiência traumática vivida pelo paciente. Desta forma o analista se torna testemunha da experiência e da vivência traumática apresentada pelo analisando, permitindo e legitimando através da escuta a elaboração do trauma.

Vale ressaltar que a escuta qualificada descrita na Lei nº 13.431, de 4 de Abril de 2017 é uma ferramenta utilizada nas políticas públicas por muitos profissionais e trata-se de uma estratégia de proteção referente às violações de direito. A Lei reforça a importância de garantir a proteção da dignidade do sujeito, evitando que as vítimas tenham que relatar repetidamente suas experiências traumáticas e expor seu sofrimento diversas vezes. Além disso, a citada Lei prevê a capacitação dos profissionais que atuam nesses casos, para que a escuta seja realizada de forma adequada frente à demanda traumática.

O Desmentido

O conceito do “desmentido” é apresentado por Ferenczi ao decorrer de sua obra, a fim de estender de forma original as concepções levantadas por Freud acerca do tema, é Ferenczi que se debruça sobre o trauma para além do sexual. Para Sándor Ferenczi o “desmentido” seria constituinte para o trauma, seria este uma espécie de alicerce para que uma situação traumática permaneça ainda mais forte frente ao sujeito. (Ferenczi,1933 [1932]/1992b, p. 10).

O desmentido como apresentado por Ferenczi, demonstra a originalidade em sua teoria, como o autor propõe para que se instaure um trauma em um sujeito, o desmentido seria um dos tempos fundamentais, sendo caracterizado como um tempo do qual o sujeito é desautorizado de seu próprio relato, de sua própria experiência, desta forma a negação por parte de quem o escuta fixa o desmentido negando a fala e a voz daquele que relata seu trauma vivenciado. Desta forma o desmentido adquire um contorno e concretiza o trauma vivenciado e experienciado pelo sujeito.

Jurandir Freire Costa (1995) sinaliza que conforme Ferenczi observa, quando o adulto desmente a experiência vivida pelo infante, o sentido do acontecimento fica paralisado para a criança e que só resta a mesma se culpar, se auto-recriminar. Desta forma, “a ‘representação’ do agressor é ‘negativamente alucinada’, e aquilo que deveria ser uma revolta, transgressão, contestação e acusação ao outro, torna-se submissão e sintomas corporais” (Costa, 1995 apud Pinheiro, 1995, p. 14).

Ora, pensemos em uma criança da qual teve uma experiência traumática e ao relatar para um familiar tem seu relato negligenciado, ocorre neste momento uma quebra da confiança, visto que a figura de autoridade eleita por esta criança o desmente, ignora ou toma sua experiência como algo irrelevante, ou ainda, pensemos em uma vítima de racismo ou homofobia, se tal sujeito, ao expressar sua experiência em uma delegacia tem seu relato tido como irrelevante ou menor, quer dizer, se não há um acolhimento e uma escuta da experiência traumática vivida pelo sujeito, há neste momento a quebra da confiança: 

O que se passa no trauma é que o adulto interdita a criança não apenas as palavras, como também a possibilidade de ambiguidade, de múltiplos sentidos. São palavras destinadas a ficarem enclausuradas, desprovidas de polissemia, tornando-se representações proibidas de fantasmatização e, para retomar a expressão escolhida por N. Abraham e Torok, são, de alguma forma, “palavras enterradas vivas”.. (Pinheiro, 1995, p.76-77).

Tal atitude exemplificada poderia resultar em uma identificação defensiva com o agressor, o colocando em uma posição de inocente e culpada ao mesmo tempo, o que ocorre é “a ‘representação’ do agressor é ‘negativamente alucinada’, e o que devia ser acusação, revolta, transgressão, contestação ao outro, etc., torna-se submissão e sintomas corporais” (Costa, 1995, cit. in Pinheiro, 1995, p. 14).

A identificação ao agressor emerge, por conseguinte, ocorre a “autoclivagem narcísica” na subjetividade traumatizada (Ferenczi, 1931/1992, p. 77). Por não haver e pela confiança abalada a qualquer outro próximo que possa ouvi-la e ajudá-la, a criança passa a ter

de desempenhar um papel de mãe ou pai para si mesmo “e assim torna o abandono nulo e sem efeito” (Ferenczi, 1931/1992, p. 76).

Em suma, o desmentido seria o momento em que há a negação por parte do adulto que está ouvindo a criança ao relatar um abuso que sofreu, seja ele abuso físico, psicológico, sexual ou uma negligência. A atitude do adulto de negar o que ocorreu ou minimizar, tratar como algo de menor importância colocaria a criança em uma posição de violência novamente. Tratar o relato traumático como fantasia, invenção ou imaginação da criança provocaria uma desestruturação e confusão para o sujeito (Ferenczi, S. 1934).

Nesta dinâmica como apresenta o autor, não se trata de uma experiência advinda de uma fantasia ou da realidade, como apresenta o autor a realidade que importa é a psíquica:

(…) sabemos, e Ferenczi também o sabia, que a questão da realidade se perde ou tem valor relativo quando lidamos com o psiquismo. O que importa é a realidade psíquica. O registro psíquico é feito tanto de eventos reais quanto de fantasmados; os dois terão o mesmo valor psíquico. (…) Se não importa o fato ser real ou fantasiado, como pode o desmentido se manter de pé como fator essencialmente traumático? (Pinheiro, 1995, p. 74-45)

Tal experiência ocorreria se a dinâmica se completasse, sendo que o enunciado da criança é endereçado ao adulto e este não lhe toma como verdade ou tão pouco lhe dá importância.

Considerações finais

A importância que Ferenczi dá ao trauma, estendendo os conhecimentos acerca do tema e ampliando os saberes clínicos fazem parte de um legado rico em conhecimento. Suas construções eram pautadas na prática clínica e suas teorias eram incrivelmente originais. Freud referia-se a Ferenczi como “meu querido filho”, salientava a importância de suas contribuições dizendo que eram “puro ouro” para a psicanálise (Lorand, 1966, p.14).

A teoria do Trauma apresentada por Ferenczi reforçava o desmentido, a hipocrisia e a mentira do adulto em relação a criança como alicerces traumáticos, o trauma para Ferenczi tinha caráter estruturante em um primeiro momento, como desestruturantes, constrói sobre o problema uma maneira de ouvir e repensar o manejo clínico.

Os desafios da clínica contemporânea por vezes nos instigam como pesquisadores e psicanalistas a retornar aos estudos de Ferenczi, retornando em muitos temas que continuam atuais da obra Ferencziana cruciais para um manejo clínico com mais empatia, como seu estudo sobre o trauma apresentado nesta pesquisa e tantos outros de igual importância, Ferenczi nos provoca a pensar o manejo da transferência de forma maleável, elástica como pontua o próprio autor. Seus estudos sobre o trauma nos convidam a refletir sobre os pacientes do Século XXI e a dar contornos aos seus sofrimentos indizíveis.

Não há como passar pelos estudos psicanalíticos sem pensar nas contribuições de Sándor Ferenczi, e sobretudo pensar no manejo clínico na atualidade frente às demandas pós pandemia por exemplo, onde o trauma de perder um ente querido, sem que se possa fazer os ritos de despedida e o descaso do governo frente a perda é reafirmar o desmentido, e como tal conceito tem a potencialidade para a desestruturação da psique.

Para além do setting analítico, é possível pensar na concepção apresentada por Ferenczi no contexto das políticas públicas no Brasil, vale ressaltar a importância do conhecimento acerca dos tempos do trauma, sobretudo o desmentido. Através da escuta qualificada o profissional pode legitimar ou revitimizar a vivência traumática, desta forma aos profissionais que desempenham um papel de escuta qualificada se faz necessário o entendimento deste conceito para que, ao ouvir o sujeito, sua experiência traumática possa ser acolhida e validada.

A escuta empática e atenta ao discurso do sujeito torna-se um instrumento poderoso para o acolhimento do relato apresentado, desta forma a escuta qualificada aliada aos conhecimentos a respeito do trauma e do desmentido possibilitam que o profissional tenha mais sensibilidade e profundidade ao ouvir o relato traumático, respeitando e construindo um ambiente onde a experiência do trauma possa ser ouvida sem julgamentos morais. É importante destacar que ser ouvido é ser legitimado.

Referências

Brasil. (2017). Lei n° 13.431, de 4 de abril de 2017. Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13431.htm. Acesso em: 3 de outubro de 2024.

Costa, A. M. D. (1995). Uma fonte de água pura. In T. Pinheiro (Ed.), Ferenczi: do grito à palavra (pp. 9-17). Rio de Janeiro, Brasil: Jorge Zahar Editor/Editora UFRJ.

Ferenczi, S. (1933). Confusão de língua entre os adultos e a criança. In S. Ferenczi (Ed.), Psicanálise IV (pp. 97-106). São Paulo, Brasil: Martins Fontes.

Ferenczi, S. (1934). Reflexões sobre o trauma. In S. Ferenczi (Ed.), Psicanálise IV (pp. 109-117). São Paulo, Brasil: Martins Fontes.

Ferenczi, S. (1929). A criança mal acolhida e sua pulsão de morte. In S. Ferenczi (Ed.), Psicanálise IV (pp. 53-68). São Paulo, Brasil: Martins Fontes.

Ferenczi, S. (1928). Elasticidade da técnica psicanalítica. In S. Ferenczi (Ed.), Obras completas Sándor Ferenczi (Vol. 4, pp. 25-36). São Paulo, Brasil: Martins Fontes.

Lorand, S. (1981). Sandor Ferenczi: o pioneiro dos pioneiros. In F. Alexander, S. Eisenstein, & M. (Eds.), A Teoria Ferencziana do Trauma. Rio de Janeiro: Puc-Rio.

Pinheiro, T. (1995). Ferenczi: do grito à palavra. Rio de Janeiro, Brasil: Jorge Zahar Editor/Editora UFRJ.

Stanton, M. (1990). Reconsidering active intervention. New Jersey, EUA: Aronson.

Sterba, M. (1982). Reminiscences of a Viennese psychoanalyst. Detroit, EUA: Wayne State University Press.

APA – Zantutti, D. T. & Lima, G. A. (2024). Contribuições de Sándor Ferenczi para a teoria psicanalítica sobre o trauma. Cadernos de Psicologia, 6, Recuperado de https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/Contribuições-de-Sándor-Ferenczi-para-a-teoria-psicanalítica-sobre-o-trauma/

ABNT – ZANTUTTI, D. T.; LIMA, G. A. Contribuições de Sándor Ferenczi para a teoria psicanalítica sobre o trauma. Cadernos de Psicologia, Curitiba, n. 6, 2024. Disponível em: https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/Contribuições-de-Sándor-Ferenczi-para-a-teoria-psicanalítica-sobre-o-trauma/. Acesso em: __/__/____.

Como citar esse texto

ABNT — ZANTUTTI, D. T. Contribuições de Sándor Ferenczi para a teoria psicanalítica sobre o trauma. CadernoS de PsicologiaS, n. 6. Disponível em: https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/contribuicoes-de-sandor-ferenczi-para-a-teoria-psicanalitica-sobre-o-trauma/. Acesso em: __/__/___.

APA — Zantutti, D. T. (2024). Contribuições de Sándor Ferenczi para a teoria psicanalítica sobre o trauma. CadernoS de PsicologiaS, n6. Recuperado de: https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/contribuicoes-de-sandor-ferenczi-para-a-teoria-psicanalitica-sobre-o-trauma/