Revista CadernoS de PsicologiaS

Impactos do distanciamento social na relação pais-filhos e reflexões sobre possíveis intervenções [1]

Ana Paula Viezzer Salvador
Universidade Federal do Paraná.

Psicóloga (CRP-08/11132). E-mail: apviezzer@yahoo.com.br
Angel Miríade de Souza
Universidade Federal do Paraná
Anna Flávia Boschen Nardielo
Universidade Federal do Paraná
Camila da Costa Senkiv
Universidade Federal do Paraná
Joyce Mendes Gonçalves Almeida
Universidade Federal do Paraná
Leo Antonino Machado Rampasso
Universidade Federal do Paraná
Letícia Stephane de Jesus
Universidade Federal do Paraná
Mariana Molenda Jambersi
Universidade Federal do Paraná
Milena Sayuri Tarui
Universidade Federal do Paraná
Paula Maressa Zucchi
Universidade Federal do Paraná
Raphaela Regina Joaquina Stein Develis
Universidade Federal do Paraná
Thaioná Correa Salvan
Universidade Federal do Paraná
Theodora Cunha de Lima
Universidade Federal do Paraná
#Relatos_de_Experiência

Resumo: A pandemia de COVID-19 levou grande parte dos países a adotarem medidas de distanciamento social visando conter a propagação da doença, incorrendo no fechamento de instituições de ensino, adoção de aulas remotas e regime de trabalho home office. Diante de tais medidas restritivas, famílias precisaram reorganizar suas vivências cotidianas com seus filhos. Nesse cenário, o objetivo do presente trabalho é investigar aspectos da relação entre pais e filhos no contexto da pandemia de COVID-19. Para tanto, nesta etapa exploratória, foram realizadas 5 entrevistas semi-estruturadas com pais de crianças com até 10 anos. Observou-se dificuldades dos pais no auxílio à realização de atividades escolares online, sobrecarga de atividades (tanto dos filhos como dos pais) e problemas financeiros como fatores estressores relevantes. Destaca-se a necessidade de discutir formas alternativas de atuação do psicólogo frente às demandas observadas e de elaborar um programa de intervenção parental compatível com o contexto atual.

Palavras-chave: relação pais-filhos; distanciamento social; intervenção parental.

Social distancing impacts on parent-child relationship and considerations on possible interventions

Abstract: The COVID-19 pandemic has led most countries to adopt measures of social distancing in order to contain the spread of the disease, incurring in the closure of educational institutions, the adoption of remote classes and working from home. Faced with such restrictive measures, families needed to reorganize their daily experiences with their children. In this case, the objective of the present study is to investigate aspects of the relationship between parents and children in the context of the COVID-19 pandemic. Therefore, in this exploratory stage, 5 semi-structured interviews were conducted with parents of children up to 10 years old. It was observed that there were difficulties for parents to assist their children with online school activities, overload of activities (for both children and parents) and financial problems as relevant stressors. The need to discuss alternative ways of acting for the psychologist in the face of the observed demands and to develop a parental intervention program compatible with the current context is highlighted.

Keywords: parent-child relationship; social distancing; parental intervention.

Impactos del distanciamiento social en la relación padre-hijo y reflexiones sobre posibles intervenciones

Resumen: La pandemia COVID-19 ha llevado a la mayoría de los países a adoptar medidas de distanciamiento social para contener la propagación de la enfermedad, incurriendo en el cierre de instituciones educativas, la adopción de clases a distancia y el trabajo desde casa. Ante medidas tan restrictivas, las familias necesitaban reorganizar sus vivencias diarias con sus hijos. En este caso, el objetivo del presente estudio es investigar aspectos de la relación entre padres e hijos en el contexto de la pandemia de COVID-19. Por lo tanto, en esta etapa exploratoria se realizaron 5 entrevistas semiestructuradas a padres de niños hasta los 10 años. Se observaron dificultades de los padres para ayudar a realizar las actividades escolares online, sobrecarga de actividades (tanto de niños como de padres) y problemas económicos como estresores relevantes. Se destaca la necesidad de discutir formas alternativas de actuación del psicólogo ante las demandas observadas y desarrollar un programa de intervención parental compatible con el contexto actual.

Palabras clave: relación padres-hijo; distanciamiento social; intervención parental.

Medidas de distanciamento social e dinâmica familiar

Distanciamento social (ou distanciamento físico) é uma medida largamente adotada pelas autoridades sanitárias quando há um surto epidêmico, a fim de conter o avanço de doenças (Maragakis, 2020). Esse tipo de medida foi adotado em 2003, na pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), causada pelo coronavírus SARS-COV-1, que atingiu 26 países, totalizando 8000 casos. Dezessete anos depois o mundo vivencia uma nova pandemia, agora da COVID-19, que também é causada por um coronavírus: o SARS-COV-2, que contaminou 25 milhões de pessoas, com aproximadamente 850 mil mortes[2] .

Nesse contexto, as medidas de distanciamento social, apesar de suas limitações, têm se mostrado novamente como a forma mais eficiente de frear a disseminação da doença pelo mundo (Katie, 2020,13 de março; Yu & Yang, 2020). Assim, muitos países adotaram o lockdown (ou confinamento obrigatório) em todo o seu território, provocando o fechamento de comércio, bares e restaurantes, cancelamento de eventos, adoção do regime de trabalho em home office, suspensão das aulas em todas as instituições de ensino e adoção do ensino remoto (BBC, 2020, 10 de março; BBC, 2020, 23 de janeiro; Sparrow, Campbell, & Rawlinson, 2020, 24 de março; Jones, 2020, 14 de março). Essas medidas de restrição impeliram as pessoas a uma reorganização de suas rotinas: trabalho, estudo e lazer passaram a ser realizados predominantemente no ambiente doméstico, com diferentes membros da família envolvidos nessa nova dinâmica. Isso pode implicar em aumento do conflito familiar, mas também no fortalecimento dos laços afetivos (Agarwal & Sunitha, 2020; Bilefsky & Yeginsu, 2020, 27 de março; Brooks et al., 2020).

É importante salientar que medidas de confinamento trazem grande repercussão para a saúde mental das pessoas. De acordo com levantamentos referentes a epidemias anteriores, os estressores de maior impacto na saúde mental são a duração do isolamento social, o medo da infecção, a frustração, o tédio, o acesso restrito a informações confiáveis e questões financeiras (Brooks et al., 2020; Griffith, 2020). Vale destacar que o mundo passa pela pior recessão econômica desde a Segunda Guerra Mundial. Em parte, devido à necessidade de alocação massiva de recursos para a área da saúde, mas também pela queda brusca do comércio de bens de consumo e bens duráveis (International Monetary Fund, 2020; World Bank, 2020, 08 de junho). E toda essa instabilidade econômica se constitui como um estressor de grande impacto na saúde mental das famílias, principalmente daquelas que estão enfrentando dificuldades financeiras durante esse período tão delicado (Griffith, 2020).

Impacto das medidas de restrição e fechamento de escolas no desenvolvimento infantil

O fechamento de escolas e adoção do ensino remoto não geram impactos somente no aprendizado escolar infantil. As instituições de ensino também desempenham função social de grande importância, propiciando o desenvolvimento de habilidades sociais, pelo convívio das crianças entre si e com os professores. Além disso, as escolas fornecem assistência social fundamental, principalmente para aqueles em condição socioeconômica de maior fragilidade, se constituindo, em muitos casos, na única fonte de alimentação adequada para as crianças (Ali, Kadi & Ferguson, 2013; Van Lancker & Parolin, 2020; Putri et al., 2020).

Para além dos impactos sociais e efeitos sobre o desenvolvimento infantil, a interrupção da rotina escolar rompe a dinâmica que dá forma ao cotidiano das crianças, podendo implicar em repercussões psicológicas bastante severas. A tensão que permeia uma constante ameaça trazida por uma pandemia leva pais e familiares a emitirem comportamentos diferentes dos habituais (Danese, Smith, Chitsabesan & Dubicka, 2020). E a criança, como um ser que aprende por meio da experiência concreta, está sensível a essas mudanças. Em meio a tudo isso, torna-se mais provável o desenvolvimento de hábitos nocivos para a saúde, como o aumento no tempo do uso de telas, padrões irregulares de sono, a diminuição da atividade física e a desregulação alimentar (Bahn, 2020; Jiao et al., 2020; Putri et al., 2020).

As pesquisas que estão sendo realizadas mostram que nesse contexto é comum que as crianças apresentem maior agressividade e irritação, principalmente quando os estressores ambientais chegam a níveis considerados tóxicos (Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, 2020; Editorial. The Lancet Child & Adolescent Health, 2020). Outros comportamentos comuns às crianças nesse período são: apego excessivo, dispersão e fácil distração, medo, ansiedade, falta ou excesso de apetite, apatia, tédio, distanciamento e desregulação do sono (Ali et al., 2013; Bahn, 2020; Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, 2020; Dutta, 2020; Effler et al., 2010; Jiao et al., 2020; Lambrese, 2020).

Dinâmica familiar em contexto de pandemia

Não são somente as crianças que sofrem com efeitos psicológicos derivados das medidas de distanciamento social: todo o núcleo familiar é impactado. Por esse motivo foram criados guias para ajudar os pais a lidarem com essa nova dinâmica, como a série lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com dicas de práticas parentais e de segurança sanitária durante pandemia. Também foram desenvolvidos materiais para auxiliar os pais a ajudarem as crianças com o ensino remoto enquanto também trabalham em casa (Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, 2020; Coyne et al., 2020; Wang, Zhang, Zhao, Zhang & Jiang, 2020).

Entretanto, é importante destacar que não foram encontradas pesquisas sobre a dinâmica familiar e o uso de práticas educativas parentais em meio ao contexto da pandemia no Brasil, nem estudos sobre estratégias de intervenção para este público.

Utilização de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) em intervenções parentais

No contexto da pandemia da COVID-19 pode haver ainda mais demanda por orientação parental, principalmente após o fechamento das escolas. Há alguns anos já são feitos estudos internacionais que apontam os benefícios de programas de orientação parental com auxílio da tecnologia, o que pode indicar um caminho promissor para intervenções em período de distanciamento social. Observa-se na literatura que modelos de intervenção remota podem produzir mudanças nas estratégias de disciplina adotadas pelos pais, bem como uma redução de problemas de conduta das crianças (Irvine, Gelatt, Hammond & Seeley, 2015; Enebrink, Högström, Forster & Ghaderi, 2012).

O estudo de Feil, Sprengelmeyer e Leve (2018) aponta que o uso de uma interface digital para o acompanhamento comportamental dos filhos resultou em bons relatos por parte dos pais e melhora no relacionamento familiar. Já para Anton e Jones (2019), o uso de smartphones no cenário de terapia familiar foi importante para manter o vínculo entre o cuidador e o terapeuta. Estudos realizados por Breitenstein e Gross (2013) e Breitenstein, Shane, Julion e Gross (2015) mostram a possibilidade de adaptação de estratégias de orientação parental para o meio tecnológico. Tais estudos também trazem evidências de maior adesão no processo de intervenção quando há acompanhamento remoto (por telefone ou aplicativo) e que esse tipo de iniciativa é mais proveitoso para famílias que enfrentam fragilidade econômica. Considerando as medidas de distanciamento social adotadas em meio à pandemia, as intervenções remotas se mostram bastante vantajosas, por não envolverem encontros presenciais e serem mais flexíveis à rotina das famílias.

Considerando todo este contexto de mudanças nas rotinas familiares, torna-se fundamental estudar os impactos das medidas de restrição, adotadas no Brasil, no relacionamento entre pais e filhos. E também, revela-se desafiador discutir e elaborar propostas de intervenção que levem em consideração as mudanças ocorridas e a atual realidade enfrentadas por muitas famílias brasileiras. Desta forma, o objetivo desta primeira etapa do estudo foi fazer um levantamento qualitativo dos impactos do distanciamento social, bem como discutir possíveis caminhos de intervenção parental.

Método

Participantes

Participaram cinco mães e um pai (dois participantes da mesma família), que foram recrutados por conveniência. Os critérios de inclusão foram (1) ser pai ou mãe de pelo menos um filho de 0 a 10 anos e (2) se dispor a participar da pesquisa voluntariamente. A caracterização dos participantes e de seu ambiente familiar está descrita na Tabela 1.

Participante

Gênero

Quantidade de filhos

Idades dos filhos

Local de residência

Características da residência

A1

Feminino

3

3 anos e 11 meses; 5 anos; 8 anos

Curitiba/PR. Área residencial com uma praça próxima.

Casa com quintal grande, no qual as crianças passam boa parte do tempo. Família considera o espaço adequado.

B1

Feminino

2

1 ano e 2 meses; 6 anos e 4 meses

Interior do Paraná. Área movimentada no centro da cidade.

Apartamento com área externa. Família possui uma chácara em local isolado e com amplo espaço externo. Consideram o local adequado.

B2

Masculino

C1

Feminino

1

3 anos e 3 meses

Curitiba/PR.

Apartamento de dois quartos sem sacada e sem espaço externo. Família considera inadequado.

D1

Feminino

2

2 anos e 9 meses; 13 anos

Curitiba/PR.

Terreno com duas casas, a da entrevistada e a de sua mãe. Possuem um jardim. Família considera o espaço adequado.

E1

Feminino

2

9 anos e 11 meses; 15 anos

Interior de Santa Catarina. Região de praia.

Casa com quintal próxima à praia. Família considera espaço adequado, menos para a realização de atividades escolares.

Tabela 1. Caracterização dos participantes e de seus filhos. 

Instrumento

Foi desenvolvido um roteiro de entrevista semi-estruturada[3] constituído por 32 perguntas, divididas em quatro categorias: 1) Caracterização do participante e do ambiente em que vive com os filhos; 2) Rotina e atividades dos pais e das crianças; 3) Impacto do distanciamento social nos participantes e em sua relação familiar; 4) Interesse do participante em receber orientação parental.

As entrevistas foram feitas por videochamada e duraram cerca de 50 minutos, respeitando a disponibilidade de horário dos entrevistados. A gravação de áudio ocorreu após o consentimento dos participantes, que foram orientados que poderiam solicitar a interrupção de sua participação a qualquer momento. As entrevistas foram transcritas para favorecer a análise dos dados.

Análise dos dados

Foi realizada uma análise qualitativa dos conteúdos das entrevistas, sendo criadas quatro categorias representativas dos principais temas trazidos pelos participantes: 1) rotina e atividades profissionais dos pais; 2) rotina da criança; 3) impacto do distanciamento social nos participantes e em sua relação familiar; 4) interesse do participante.

Resultados e Discussão

Rotina e atividades profissionais dos pais

Quanto às atividades de trabalho dos participantes, uma das famílias (C1) relatou que continuaram trabalhando presencialmente (mãe e pai trabalham na mesma empresa) e que levam o filho junto todos os dias. As outras famílias afirmaram estar realizando a maior parte das atividades em casa, sendo que uma delas (E1) já realizava o trabalho de forma remota antes mesmo da pandemia. Pelo menos duas participantes (A1 e C1) relataram estar cumprindo carga horária igual ou superior à presencial neste período. Ademais, o participante B2 relatou que logo no início do período de distanciamento social precisou retornar ao trabalho de forma presencial.

Além disso, o cônjuge de uma das participantes (A1) perdeu o emprego devido à pandemia, sendo esse um fator de grande preocupação financeira, mas que possibilitou que ele cuidasse das crianças enquanto ela trabalhava. As famílias B1/B2 e E1 relataram que as mudanças no contexto financeiro não têm sido um ponto estressor. No entanto, as famílias A1, C1, e D1 expressaram bastante preocupação em relação a isso. A participante C1 disse que “Afeta diretamente pelo fato que se continuar assim, daqui a pouco a gente não vai ter emprego. (…) Porque hoje, beleza, e até quando?”, já a participante D1 contou que o seu “movimento [de trabalho] caiu 80%”. O contexto financeiro e a instabilidade do momento aparecem, portanto, como estressores importantes para uma parte destas famílias. Vale destacar que a dificuldade e/ou instabilidade financeira pode oferecer risco à saúde mental de mães e pais (Brooks et al., 2020; Griffith, 2020), o que pode, por sua vez, trazer prejuízos na relação com os filhos. Além disso, dificuldades financeiras podem reduzir o acesso das famílias a intervenções na área da psicologia. Ressalta-se, desta forma, a importância do desenvolvimento de intervenções parentais de baixo custo, acessíveis a famílias de diferentes níveis socioeconômicos, como por exemplo, intervenções realizadas por meio de recursos digitais (Breitenstein & Gross, 2013), bem como a importância de oferecer este tipo de intervenção na rede pública de saúde.

Rotina da criança

De maneira geral os participantes consideraram que não houve mudanças na rotina das crianças quando comparado ao período anterior da pandemia. No entanto, observou-se um relaxamento nos horários por não haver necessidade de deslocamentos para escola ou trabalho. Também houve relatos de mudanças na rotina de sono das crianças, que têm ido dormir mais tarde, seja porque também podem acordar mais tarde, seja porque gastam menos energia e demoram mais para dormir (como relatou A1). Vale salientar, no entanto, que E1 considerou que o filho está se exercitando mais do que antes, pois pode brincar ao ar livre.

Todos os participantes relataram que seus filhos têm acesso a dispositivos eletrônicos, como celular, computador, tablet e televisão, e todos relataram aumento no uso desses dispositivos desde o início da quarentena. Os pais contaram que usam de tempo de tela para entreter as crianças, e como substituto para outras atividades que não podem ser realizadas, como brincadeiras com vizinhos (B1/B2) ou atividades da creche (C1, D1).

Observa-se, a partir dos relatos, que as medidas de distanciamento social provocaram algumas mudanças que podem significar risco para a saúde das crianças quando ocorrem de forma descontrolada, como por exemplo, alteração dos horários do sono (Jiao et al., 2020) e o aumento no tempo do uso de telas (Putri et al., 2020). Desta forma, intervenções com o objetivo de orientar os pais sobre como lidar com problemas relacionados ao sono e ao uso excessivo de telas parece ganhar importância significativa neste contexto.

Sobre a realização das aulas remotas, os pais com crianças em idade escolar (A1, B1/B2, E1) relataram conflitos em decorrência da criança precisar assistir aulas por vídeo e realizar as tarefas com o auxílio dos pais. Os entrevistados contaram que “têm dias que tem que insistir para fazer” (A1), que a criança “teve preguiça e os conflitos eram frequentes” (B1/B2) e que “gerou estresse (…) por conta da criança não enviar as atividades” (E1). Os participantes mencionaram que os filhos sentem muita falta dos amigos e do ambiente escolar. As entrevistadas A1 e D1 também relataram que estão tentando reproduzir atividades que as crianças em idade pré-escolar estariam realizando, como pintura e reconhecimento de números.

A interrupção ou mudança da rotina escolar, além do afastamento dos colegas e professores, pode produzir alterações na trajetória do desenvolvimento infantil (Bahn, 2020; Danese et al. 2020). Há estudos indicando que alterações comportamentais podem ser comuns em crianças no período de pandemia, como por exemplo, dispersão e fácil distração, medo e ansiedade (Bahn, 2020). As alterações de rotina, bem como as alterações comportamentais da própria criança diante do cenário, podem dificultar o seu engajamento em atividades acadêmicas, tornando-se um fator estressor para muitas famílias. Por exemplo, a dificuldade em controlar lições escolares das crianças nesse período foi apontada como um grande desafio pelos participantes deste estudo. Recentemente, houve o desenvolvimento de materiais que podem ajudar os pais na tarefa de acompanhar o ensino remoto de seus filhos (Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, 2020; Coyne et al., 2020; Wang et al., 2020). No entanto, discute-se que o acesso a materiais informativos pode ser insuficiente para ajudar algumas famílias, além de que podem ficar restritos a somente uma pequena parcela da população. Desta forma, destaca-se novamente a importância de se fazer ampla divulgação de materiais psicoeducativos de qualidade e de tornar cada vez mais acessível às famílias formas de intervenção que ofereçam suporte aos pais no manejo comportamental de seus filhos.

Impacto do distanciamento social nos participantes e em sua relação familiar

O impacto das mudanças de rotina no estado emocional dos participantes e na sua relação familiar é mais uma categoria que foi analisada. Os participantes apontaram enquanto fatores estressores relevantes: uma sobrecarga de atividades (A1, B2 e C1) e a perda de algumas atividades que costumavam realizar sozinhos, sem a companhia da criança (A1, C1 e E1). Isso pode ser observado no relato de A1: “Como eles iam dormir mais cedo, a gente tinha um tempo pra ver um filme, pra ler, pra organizar alguma coisa, trabalhar um pouco mais. Então a gente não tem mais o tempo no final da noite”. Vale salientar que mesmo antes de o mundo enfrentar a pandemia, já eram comuns relatos de sobrecarga emocional derivada da função parental (Abidin, 1997 apud Griffith, 2020). No entanto, nesse contexto de distanciamento social, o estresse emocional pode chegar a níveis bastante críticos. Alguns estressores são vistos como mais prejudiciais para esse quadro, como a falta de tempo de lazer, escassez de suporte social de familiares e amigos e insegurança financeira (Brooks et al, 2020; Griffith, 2020).

Referente à qualidade da relação entre pais e filhos, houve relatos de melhora na relação (A1 e D1). Outros participantes (B1, C1 e E1) afirmaram que já tinham uma relação bastante próxima e por isso não notaram mudanças. A fala de C1 ilustra isso: “Não, ele sempre foi meu grudinho, então não mudou muito”. Já o participante B2 relatou uma relação conflituosa com a filha no início do período de distanciamento social, por conta das atividades escolares. Porém, ao longo do tempo, o participante deixou de fazer cobranças e de dar aulas para a filha, o que fez as brigas cessarem.

Em relação ao estabelecimento de limites, a maior parte dos participantes declarou que mantiveram os limites já estabelecidos antes da pandemia, com exceção de A1 que afirmou estar mais permissiva por seus filhos estarem “mais chateados e tristes”. Contudo alguns pais relataram uma mudança de comportamento dos filhos que estavam mais “abusados” (D1), brigando mais e testando os limites dos pais (A1 e D1).

Todos os participantes foram unânimes em indicar boa qualidade nas relações conjugais. No entanto, alguns participantes afirmaram que a qualidade de sua vida conjugal teve oscilações neste período. Foi perceptível nas falas de A1 e do casal B1/B2 que o início do período de distanciamento social foi conflituoso e que a convivência em tempo integral com o parceiro foi um fator estressor para ambas as partes. Quatro participantes (A1, B1/B2, D1) afirmaram que a organização da rotina e a divisão de tarefas entre o casal foram fatores que aliviaram tensões e permitiram uma reaproximação afetiva entre o casal. Outro aspecto apontado por A1, C1 e D1 foi de que um maior tempo do casal em atividades realizadas conjuntamente contribuiu para melhor a relação conjugal. O relato de A1 é bastante ilustrativo:

Mas aí deu uma desgastada quando estávamos já umas quatro semanas dentro de casa, começamos a brigar. […] Mas aí vimos que estávamos sobrecarregados com a rotina, a gente não tinha mais tempo pra gente, não conseguíamos conversar, estávamos o tempo todo na função das crianças e da casa. Quando conseguimos organizar a rotina melhorou muito, de ter tempo pra gente, ficar sozinho em algum momento do dia, de conversar de outras coisas, desligar o jornal e falar de outros assuntos ao invés de “contar os mortos”, porque isso estava deixando a gente muito nervoso. Também foi um aprendizado nosso de aprender a se reconectar de outras formas.

Conforme o que foi exposto por A1, o convívio mais estreito entre familiares e por um período de tempo prolongado é propício para o surgimento de conflitos. Relatos como esse têm sido bastante reportados durante esse período de pandemia. É bastante exemplar uma matéria publicada no jornal The New York Times (Bilefsky & Yeginsu, 2020, 27 de março), em que são apresentados casos sobre os efeitos prejudiciais desse contexto para as relações conjugais. Além disso, nota-se um aumento considerável dos casos violência doméstica em vários países, principalmente contra mulheres e crianças (Griffith, 2020; Nicola et al., 2020; Usher, Bhullar, Durkin, Gyamfi & Jackson, 2020). Nessa primeira etapa do presente estudo, prevaleceram os relatos de boas relações familiares e formas positivas de resolução de conflitos. Todavia, entendemos que é necessária a ampliação do número de participantes provenientes de diferentes realidades socioeconômicas, para que possamos acessar um panorama mais apurado dos conflitos decorrentes desse cenário de distanciamento social.

Interesse do participante em receber orientação parental

Os participantes foram questionados sobre seu interesse em grupos de orientação parental online e acesso a materiais que os auxiliassem na relação com seus filhos no período de pandemia. Todos os entrevistados demonstraram interesse em pelo menos um desses tipos de orientação, com exceção de E1 que não teve tempo durante a entrevista de responder a essa questão. Em relação aos temas que os participantes gostariam que fossem abordados, A1 apontou a necessidade de auxílio em como lidar com frustrações das crianças e conflitos entre os filhos. D1 relatou interesse em material sobre rotina alimentar infantil e C1, apesar de relatar não ter tempo de consumir esse tipo de material, apontou que seria interessante algo sobre equilíbrio emocional dos pais diante das adversidades impostas pela pandemia. A partir do relato dos participantes, nota-se que a produção e divulgação de material psicoeducativo e a oferta de orientação parental por meio de recursos tecnológicos podem ser recursos interessantes e de baixo custo para auxiliar as famílias no contexto da pandemia.

Considerações finais

Este estudo teve como objetivo realizar um levantamento qualitativo dos impactos do distanciamento social na relação entre pais e filhos, a fim de investigar demandas e discutir possibilidades para a realização de intervenções parentais. Dado o contexto singular das medidas de distanciamento social durante a pandemia de COVID-19, torna-se relevante refletir sobre os impactos dessas mudanças na dinâmica familiar e no desenvolvimento infantil.

De modo geral, os resultados indicaram uma sobrecarga nos papéis parentais. Mães e pais tornaram-se responsáveis pelas orientações das atividades escolares de seus filhos (em geral, realizadas online) e muitas famílias precisaram ampliar os cuidados com a criança para um período integral. Diante desse contexto atípico, a realização de intervenções parentais torna-se uma possibilidade relevante para a atenuação de efeitos negativos do isolamento, como também para a melhora de práticas parentais e, por consequência, dos indicadores de desenvolvimento infantil. Para tal, Tecnologias da Informação e Comunicação podem ser recursos importantes para a realização de tais intervenções de maneira remota (à distância), além de tornar as intervenções mais acessíveis e com custo reduzido. Contudo, é necessário o desenvolvimento de estudos que visem adequar as estratégias de intervenção parental, geralmente realizadas de maneira presencial, para um formato remoto que seja efetivo, funcional e adequado à realidade brasileira. Apesar das limitações do presente estudo, que acessou um número reduzido de participantes, vale lembrar que se trata apenas da primeira etapa de um estudo longitudinal, no qual pretende-se ampliar significativamente a amostra, e também elaborar, aplicar e avaliar uma nova proposta de intervenção parental que leve em consideração as demandas das famílias durante o período de distanciamento social. Espera-se que os dados e discussões aqui apresentados venham a inspirar futuras investigações sobre o assunto e contribuir para a prática de profissionais da área.

Notas

[1]  Neste artigo foram apresentados dados da primeira etapa de um estudo longitudinal, que deverá ser finalizado em 2022, no qual será feito o acompanhamento de famílias em intervalos de 6 meses por meio de um formulário online, e no qual será desenvolvida e aplicada uma intervenção parental adaptada às demandas decorrentes do contexto de pandemia.

[2] Esses dados foram atualizados até o momento em que o artigo foi escrito, no final de agosto de 2020.

[3] As entrevistas realizadas constituem a fase exploratória de uma pesquisa longitudinal, em que as análises obtidas contribuíram para a elaboração de um formulário de coleta de dados mais abrangente que poderá acessar mais pessoas.

Referências

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Como citar esse texto

APA – Salvador, A. P. V., Souza, A. M. de, Nardielo, A. F. B., Senkiv, C. da C., Almeida, J. M. G., Rampasso, L. A. M. … Lima, T. C. de. (2020). Impactos do distanciamento social na relação pais-filhos e reflexões sobre possíveis intervenções. CadernoS de PsicologiaS, 1. Recuperado de https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/impactos-do-distanciamento-social-na-relacao-pais-filhos-e-reflexoes-sobre-possiveis-intervencoes.

ABNT – SALVADOR, A. P. V. et al. Impactos do distanciamento social na relação pais-filhos e reflexões sobre possíveis intervenções. CadernoS de PsicologiaS, Curitiba, n. 1, 2020. Disponível em: <https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/impactos-do-distanciamento-social-na-relacao-pais-filhos-e-reflexoes-sobre-possiveis-intervencoes>. Acesso em: __/__/____.