Temática Livre

Você tem em mãos (ou em tela) um trabalho de produção e articulação que, em uma primeira mirada, pode parecer um bloco único, mas que é atravessado por diferentes estágios ou platôs, às vezes não muito nítidos de serem observados.

Um destes estágios é a formação de um conselho editorial — que almeja ser coeso a ponto de acolher multiplicidades de olhares e saberes e tenha o compromisso com a produção e difusão de conhecimentos regidos por uma outra lógica, não hierárquica, positivista ou colonial. Este é sempre um trabalho “em processo” e que se renova a cada edição. 

Outro estágio diz respeito às negociações, deliberações, ao trabalho das equipes articuladas — da gerência técnica à equipe de comunicação social do CRP-PR que viabilizam todo um arranjo até a revista, enfim, tornar-se visível. Você pode perceber em cada detalhe gráfico o cuidado que nos autoriza a dizer que este é um projeto ético-estético e político. 

Também há o estágio da tramitação com autores, pessoas dos mais diversos contextos profissionais e acadêmicos que, de forma generosa, expõe aqui a coragem de suas palavras e ofertam a escrita autêntica de uma outra psicologia. Aprendemos muito com os pareceres, com os comentários no cantinho do texto e outras possibilidades de trocas e contextualizações das propostas que nos são encaminhadas.

Enfim, são muitos estágios e seus espelhos que, tal qual a imagem de um foguete e seus tanques propulsores, acoplam-se a este projeto. Saudamos todos eles, mas em especial saudamos aqui, neste editorial com trocadilhos, o trabalho dos diferentes estagiários e estagiárias que contribuíram com a edificação desse projeto junto a equipe técnica do CRP-PR. Essa revista não teria sido viável sem a participação destes colegas que, ao longo da breve história da CadernoS de PsicologiaS, viabilizaram estas transmissões de saber. 

Parece pueril, mas é com o vigor e a “pulsão” destes estagiárias-os que, muitas vezes, nos guiamos; não só porque emprestamos ali a juventude e a expectativa que às vezes o cansaço da caminhada nos turva, como porque reconhecemos ali, na maestria de cada estagiária-o um convite à decolonialidade: é quando estagiárias-os tornam-se nossos educadoras-es e a pirâmide do suposto saber é virada do avesso. Desconstruir e desmontar é preciso. 

Que esses diferentes estágios, camadas e vigor de estagiárias(os) se façam visíveis junto a estas letras e junto a vasta produção que aqui se oferenda e que, com as páginas desta revista, e que possamos, também por aqui, resgatar a sede de conhecimentos e a expectativa de uma profissão transformadora e de um mundo menos ordinário — expectativas comuns a quem debuta, com frescor e apostas na força da vida. São nossos desejos. 

Boa leitura!