Revista CadernoS de PsicologiaS

Serviço de aconselhamento genético (SAG-UEl):
práticas multidisciplinares e humanizadoras

Thayná Krueger
Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina

E-mail: krueger.thayna@uel.br
Natália Duarte Tinti
Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina

E-mail: natalia.duarte.tinti@uel.br
Celina Rolim Gallerani
Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina

E-mail: celina.rolim.gallerani@uel.br
Laura Maringolli Mitt
Acadêmica de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina

E-mail: laura.maringolli@uel.br
Jefferson Olivatto da Silva
Docente da Universidade Estadual de Londrina

Psicólogo (CRP – 08/13918). E-mail: jeffolivatosilva@uel.br
Renata Grossi
Docente da Universidade Estadual de Londrina

Psicóloga (CRP – 08/04323). E-mail: rgrossi@uel.br

#Relatos_de_experiência

Resumo: O Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina (SAG-UEL) é um projeto extensionista que atende a comunidade através do serviço de saúde. Este Relato de Experiência objetivou-se em demonstrar como a Frente de Entrevista conduz a coleta de informações para a organização das outras frentes de ação atuarem conforme as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH). Para tanto, utilizou-se a análise do Roteiro de Entrevista do SAG-UEL dividido em 13 núcleos, segundo uma perspectiva multidisciplinar e humanizadora para o acolhimento da historicidade do usuário e seus familiares diante de seus fatores biopsicossociais. Em conclusão, por meio das diretrizes da PNH, o SAG-UEL tem oportunizado à comunidade de Londrina e região, bem como à área de saúde atendimentos humanizados e multidisciplinares que fortalecem o SUS e oportunizam inovação em cogestão e participativa na formação de graduandos.

Palavras-chave: aconselhamento genético, serviço multidisciplinar, atendimento humanizado.

GENETIC COUNSELING SERVICE (SAG-UEL): MULTIDISCIPLINARY AND HUMANIZING PRACTICES

Abstract: The Genetic Counseling Service of the State University of Londrina (SAG-UEL) is an extension project that serves the community through the health service. This Experience Report aimed to demonstrate how the Interview Division conducts the collection of information for the organization of other SAG-UEL’ divisions to realize the guidelines of the National Humanization Policy (PNH). For that, we  analyzed the Interview Guide of SAG-UEL which is branched into 13 divisions, according to  multidisciplinary and humanizing perspectives for the user and their family in face of biopsychosocial factors. In conclusion, through the guidelines of the PNH, the SAG-UEL has provided the community of Londrina and region, as well as the health area, a humanized and multidisciplinary care that strengthen the SUS and provide opportunities for innovation in co-management and participatory training of undergraduates.

Keywords: Genetic counseling, Multidisciplinary service, Care humanized.

SERVICIO DE ASESORAMIENTO GENÉTICO (SAG-UEL): PRÁCTICAS MULTIDISCIPLINARIAS Y HUMANIZANTES

Resumen: El Servicio de Asesoramiento Genético de la Universidad Estadual de Londrina (SAG-UEL) es un proyecto extensionista que atiende a la comunidad a través del servicio de salúd. Este Relato de Experiencia tiene cómo objetivo demostrar el papel del Frente de Entrevista en la recolecta de información y en la organización de las actividades del resto de frentes de acción, orientando por las directrices de la Política Nacional de Humanización (PNH). Para esto, se analizó el Guión de Entrevista del SAG-UEL, dividido en 13 núcleos según una perspectiva multidisciplinar y humanizante, para el acogimiento de la historicidad del usuario, de sus familiares y de sus factores biopsicosociales. En suma, por medio de las directrices de la PNH, el SAG-UEL proporciona, a la comunidad de Londrina, la región y al área de la salud, atenciones humanizadas y multidisciplinares que fortalecen el SUS y contribuyen para la formación de los graduandos.

Palabras clave: Asesoramiento genético, Servicio multidisciplinario, Servicio humanizado.

Introdução

O Aconselhamento Genético (AG), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) consiste pela busca de esclarecimento e prevenção de genótipos responsáveis por enfermidades ou efeitos congênitos através da identificação de aspectos que possam gerar tais alterações, além disso, há o incentivo a autonomia das famílias nas tomadas de decisões. De acordo com Pina-Neto (2008), “O AG modernamente é definido como um processo de comunicação que trata dos problemas humanos relacionados à ocorrência de uma doença genética em uma família” (p.S20). Tendo em vista tal processo de comunicação, o Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina (SAG-UEL), é um programa extensionista e vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), coordenado por professores de Psicologia e Genética da UEL, o qual tem por implicação um atendimento gratuito[1], especializado em alterações genéticas e em sua prevenção. Ademais o SAG-UEL, além de oferecer uma assistência do caráter médico e biológico também abrange o âmbito social, psicológico e terapêutico, possibilitando, assim, o suporte necessário aos usuários e familiares que estão inseridos no Aconselhamento Genético (Grossi et al., 2017).  

O trabalho é realizado pela equipe inicial do SAG-UEL, é de extrema importância, visto que a partir das informações coletadas através de uma anamnese inicial com o usuário e seus familiares permite que os demais profissionais atuantes tenham acesso à historicidade dos sujeitos, conferindo um atendimento mais proximal e criterioso conforme as demandas apresentadas. Essa etapa de anamnese inicial colhe informações relacionadas à saúde, aspectos sociais e psicológicos é realizada pela denominada Frente de Entrevista. 

Assim o SAG-UEL propõe-se em atuar em conformidade com a Política Nacional de Humanização (PNH), lançada em 2003, com o objetivo de implementar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) na rotina dos serviços de saúde, estimulando mudanças na maneira de gestão e cuidado com os pacientes.  Com efeito, para gerar humanização no atendimento do SUS é necessária a adesão da equipe de trabalhadores, dos usuários e dos setores de serviço e de saúde, de forma coletiva e compartilhada segundo as diretrizes da PNH (Ministério da Saúde, 2013).

A PNH propõe o acolher como trabalho coletivo de reconhecimento da necessidade individual de saúde, desenvolvido pelo vínculo entre equipe e usuário, de maneira a enfrentar a fragmentação das ações de saúde através da clínica ampliada e garantia e conhecimento dos direitos previstos em lei desde a entrevista inicial até o final do atendimento (Ministério da Saúde, 2013).

Fossi e Guareschi (2004) declaram que um atendimento humanizado é aquele que considera o ser humano como um paciente abrangente e que possui diversas necessidades para atingir o seu bem-estar e não apenas um corpo físico e portador de uma doença. Uma equipe de saúde multidisciplinar e integrada é essencial para a oferta do atendimento e cuidado de acolhimento das demandas e oferecimento de um suporte humanizado. Nesse sentido, cada parte de equipe fica responsável por atender uma parte específica da necessidade desse paciente e depois, organicamente, analisar e propor a melhor maneira de atender as adversidades da demanda e promover o bem-estar para o usuário do serviço. Lembramos que a multidisciplinaridade, segundo Roquete, Amorim, Barbosa, Souza e Carvalho (2012) surge como uma ideia de produzir um modelo de conhecimento menos fragmentado, um modelo de aproximação de diferentes disciplinas em torno de um tema ou um problema, com o objetivo de entrelaçar os métodos e os conhecimentos que cada disciplina tem a oferecer e aumentar a compreensão sobre determinado conteúdo.

Dessa forma, o SAG-UEL conta com uma organização multidisciplinar na forma de autogestão formativa por graduandos de Biologia, Medicina, Enfermagem, Biomedicina e Psicologia, o que permite um olhar humanizado, acolhedor, integrativo e amplo da problemática tratada. Ademais, a equipe diante das demandas do serviço divide-se em frentes de ação, como: Entrevista, Laboratório de Citogenética Humana, Devolutiva, Genética Clínica e Apoio Psicológico. No presente escrito destaca-se a atuação da Frente de Entrevista que é responsável por realizar uma entrevista inicial com o usuário e seus familiares relativo às questões psicológicas, sociais e biológicas. Tal ação é conduzida, geralmente, por estudantes do curso de Psicologia preparados para legitimar a singularidade da demanda por uma atitude acolhedora. Conforme Grossi, Gallo, Silva e Primo (2009, p.1038) afirmam: 

A importância da atuação da Psicologia no Serviço de Aconselhamento se justifica pelos seguintes fatores: a equipe médica percebe que as informações prestadas no SAG não são neutras do ponto de vista psicológico; a ocorrência da doença genética em uma família desencadeia um processo de perda ou de sofrimento; as pessoas vão ter que lidar com os sentimentos desencadeados.

Esse primeiro contato com o usuário e seus familiares têm como direcionamento a observação de comportamentos verbais e não verbais acerca da compreensão a respeito do serviço, exame, resultado e expectativa da demanda (Eurich et al., 2017). Ademais, segundo Grossi, Gallo, Silva e Primo (2009), o roteiro de entrevista foi elaborado com linguagem simples e clara, o que permite um maior entendimento por parte do entrevistado e maior confiabilidade das informações. Dessa forma, demonstra-se a relevância da Frente de Entrevista para o atendimento no SAG-UEL a partir das informações coletadas pelo roteiro, já que é possível uma maior compreensão da demanda para que os demais profissionais do serviço realizem seu trabalho com maior atenção para os aspectos e contextos que esse usuário e seus familiares estão inseridos. 

Essa participação de diversos profissionais permite que esse processo, muitas vezes desgastante aos usuários e familiares envolvidos, seja mais eficaz e menos doloroso, pois de acordo com Pina-Neto (2008), a enfermidade genética está relacionada a tudo que alguém não quer para si e para sua família, e por conta disso se faz necessário a atuação de uma equipe multiprofissional, pois essa irá manejar, sobre várias perspectivas de atuação, a situação da melhor maneira possível e minimizar e os impactos que essa doença carrega.

Método

O roteiro de entrevista utilizado pela Frente de Entrevista será analisado em seus 13 núcleos diante da organicidade do atendimento no SAG-UEL e segundo as diretrizes da Política Nacional de Humanização (Ministério da Saúde, 2013) em vista do acolhimento, gestão participativa e cogestão, ambiência, clínica ampliada, valorização do trabalhador/a e defesa dos direitos dos usuários. Outrossim, apresenta como aporte de análise a perspectiva de multidisciplinaridade de Roquete, Amorim, Barbosa, Souza e Carvalho (2012) e humanizadora de Fossi e Guareschi (2004). 

Resultados

O roteiro da Frente de Entrevista foi construído pelos colaboradores do serviço e a coordenadora Renata Grossi baseado em estudos de entrevista na área de saúde, entrevista em psicologia, psicologia em um serviço de aconselhamento genético e entrevista em um serviço de aconselhamento genético.  Todavia, deve-se mencionar que a importância dos respectivos núcleos pode auxiliar a compreensão de como acontece o atendimento do SAG-UEL. Nesse sentido, o atendimento é caracterizado por três momentos: 1°) Coleta de dados e Supervisão; 2°) Exames; 3°) Supervisões e Devolutiva e Apoio Psicológico. 

O roteiro é subdividido em 13 núcleos, cada qual com seu respectivo eixo temático e sua finalidade. Os 11 primeiros núcleos (Identificação, Ambiente e Interações, Encaminhamento e dados diagnósticos, Gravidez do paciente, Parto do paciente, Desenvolvimento do paciente, Antecedentes Pessoais, Atendimentos e Recursos, Expectativas quanto ao resultado, Observações do/a Entrevistador/a e Supervisão) compõem o 1° momento e tratam diretamente de ações da Frente de Entrevista, sendo os dados apresentados na Supervisão para um dos coordenadores. Além disso, esses dados são necessários tanto para embasar possíveis relações genéticas na família, que corresponderia ao 2° momento, bem como a forma com a qual ocorrerá a devolutiva e o oferecimento de apoio psicológico no 3° momento. Após a coleta de material genético e exames, referente ao 2° momento realizado no laboratório do SAG-UEL, ocorrem as supervisões com a coordenador/a geneticista e psicólogo/a para a realização da devolutiva com o usuário e a família, podendo disponibilizar o suporte psicológico e encaminhamentos caso a família precise ou deseje, o que configura o 3° momento.

 O laboratório e a Frente de Genética Clínica utilizam as informações recolhidas pelos núcleos 3 aos 8, cujo objetivo é levantar dados de saúde do usuário desde a sua concepção até o momento da entrevista, começando pelo conhecimento da saúde da família, a gestação do usuário e o relato dos estágios de seu desenvolvimento,  assim como se a família possui alguma rede de apoio, para que a equipe possa  entender e hipotetizar sobre a condição específica do usuário e fornecer o melhor atendimento ao caso específico. 

A supervisão que ocorre no 2° momento relativa ao núcleo 11 utiliza os dados recolhidos pela Frente de Entrevista pelos núcleos de 1 à 8, e conduzida por profissionais de Psicologia e Genética. Inicialmente, as informações recolhidas na entrevista são repassadas ao profissional de Genética Humana Clínica o qual orienta, através dessa supervisão com a equipe da entrevista, a equipe do laboratório na investigação durante o exame de cariótipo. Ressalta-se que a equipe da Frente Genética Clínica, formada por estudantes de medicina, se utiliza das informações coletadas na entrevista para, junto ao resultado do exame de cariótipo, realizar o estudo de caso pelo viés médico. O estudo de caso realizado pela Frente de Genética Clínica busca relacionar as demandas particulares do usuário com o seu diagnóstico para encaminhá-lo adequadamente, visando atender o máximo das demandas apresentadas. As informações do estudo da Frente de Genética Clínica associadas às da Frente de Entrevista também são utilizadas pela Frente de Devolutiva e Suporte Psicológico, composta por  estudantes de psicologia e supervisores/as de Psicologia com  CRP ativo. O estudo de caso pelo viés da psicologia visa investigar e acolher as demandas psicossociais e oportunizar reflexões que proporcionem ao usuário e sua família informações para encaminhamentos e tomada de decisões. As discussões dessas supervisões são registradas na pasta do usuário e compartilhadas com as outras Frentes do SAG-UEL, de modo a orientar o laboratório durante o exame de cariótipo, a equipe médica no estudo de caso e a Frente de Devolutiva e do Apoio Psicológico para o estudo de caso do usuário. As supervisões também utilizam os dados coletados pelos núcleos 9 e 10 para conhecer as expectativas do usuário e seus familiares em relação ao resultado do exame genético, bem como do núcleo 12 pelo registro do exame de cariótipo do usuário, o que também permite que todos os profissionais tenham acesso ao resultado do exame de cariótipo.

A Frente de Devolutiva utiliza os dados do núcleo 1 e 2 para identificar o usuário e seus responsáveis no SAG-UEL e para levantar dados sobre moradia, dinâmica familiar e rede de apoio com o propósito de mapear a vida social do usuário com a finalidade de construir adequadamente os encaminhamentos aos usuários. Por meio do levantamento de demandas e encaminhamentos específicos, conforme o atendimento, é possível construir o processo de devolutiva humanizada. A devolutiva do SAG-UEL tem como principais valores a bioética e a humanização. O processo consiste em retornar ao paciente o resultado do exame de cariótipo de uma forma acessível ao grau de escolaridade da família, estar disponível para possíveis dúvidas, providenciar sugestões de redes de apoio disponíveis e/ou atendimentos especializados para um possível planejamento familiar, e acolher questionamentos, expectativas e dúvidas após o recebimento do diagnóstico por meio de uma escuta ativa e suporte psicológico. Nesses termos, a devolutiva prisma a garantia de tomada de decisão familiar como direito do usuário. Assim, configura o 3° momento da organicidade do atendimento do serviço por meio do núcleo 13, que tem o propósito de revisar dos dados coletados nos núcleos anteriores e planejar junto a equipe e supervisores os tópicos que serão trabalhados durante a Frente de Devolutiva e preparar os colaboradores para possíveis desfechos emocionais e comportamentais do usuário e família durante a devolutiva, refletindo sobre os encaminhamentos e para o atendimento da frente de Apoio Psicológico caso necessário. 

Vale destacar três aspectos. Primeiro, os núcleos do roteiro de entrevista foram construídos para permitir um entendimento holístico e humanizado de cada usuário do serviço. Ele permite que o serviço entenda cada indivíduo dentro de suas especificidades e trabalhe de acordo com as mesmas, abarcando as características particulares do indivíduo e sua família para tentar atender as demandas da melhor forma possível. Entender e trabalhar de acordo com as características específicas e pessoais de cada caso permite, além de entregar encaminhamentos que atendam uma maior gama de necessidades, tratar o usuário e sua família de forma humanizada, uma vez que eles não são tratados como apenas mais um caso ou um “número”.  

Segundo, destaca-se o caráter estruturante do SAG-UEL com sua gestão participativa e de corresponsabilidade em que graduandos, técnicos e coordenadores – denominados/as de colaboradores/as – possibilitam às Frentes o desenvolvimento de autonomia e cooperação. Com efeito, é favorecido uma escala de atendimentos sem sobrecarregar seus colaboradores, bem como a promoção semanal de formação continuada mediante a valorização de suas experiências e de consultores externos. Tal integralidade da equipe de colaboradores do SAG-UEL reitera o pensamento dos autores Fossi e Guareschi (2004), que enfatiza a organização coparticipativa para a oferta de um atendimento e suporte humanizado aos usuários e familiares dos serviços de saúde. Tal encadeamento vislumbra-se por uma clínica ampliada e compartilhada em vista de clareza sobre a singularidade do usuário e sua família, se possível alguma forma de rede de apoio e quais as possibilidades de a constituir, quer no interior da própria família e/ou com as instituições e serviços ofertados na cidade de origem (Ministério da Saúde, 2013).

Por último, mas não menos importante, pode-se mencionar que esse processo promove espaços acolhedores, saudáveis e confortáveis de forma que respeite a privacidade tanto do usuário quanto dos colaboradores do SAG-UEL, além de proporcionar autonomia nas tomadas de decisão do usuário e familiares após o recebimento dos resultados do exame genético acompanhados pela equipe. Observa-se que o programa, sistematicamente, então, procura corresponder aos propósitos das diretrizes da PNH, pelo acolhimento humanizado, gestão participativa e cogestão em que graduandos e profissionais por uma ambiência em que se consolida por um clima de autogestão horizontal decidem sobre a organicidade do serviço e os encaminhamentos de forma a oferecer esclarecimentos sobre apoio psicológico, rede de apoio disponíveis e o direito dos usuários e seus familiares na tomada de decisão (Ministério da Saúde, 2013). 

Considerações Finais

A partir do que foi descrito por Fossi e Guareschi (2004) uma equipe multidisciplinar vai atender as diferentes demandas do usuário do serviço por meio da contribuição da sua área de atuação e pela somatória do conhecimento dos colaboradores do serviço, que entende aquele usuário do serviço como um ser humano integral e busca o bem estar ao usuário e sua família através de um atendimento acolhedor e humanizado.

O SAG-UEL oferece um atendimento humanizado realizado por uma equipe multidisciplinar, em que o usuário e sua família são reconhecidos como seres humanos plenos, que possuem uma história de vida pessoal e social, valores, crenças, sentimentos e não apenas portadores de uma doença a ser descoberta e tratada. Para o serviço, é fundamental acolher o usuário de maneira empática e assertiva, e como a entrevista é a porta de entrada do usuário no serviço do SAG-UEL, o colaborador de psicologia responsável deverá oferecer esse atendimento humanizado desde o primeiro contato do usuário e seus familiares. O usuário se sentindo acolhido e respeitado terá mais disponibilidade de responder as questões contidas no roteiro; e com esses dados todos os colaboradores do serviço terão mais informações sobre o caso, podendo assim, oferecer um direcionamento mais efetivo deste, respeitando suas demandas e características específicas. 

Portanto, mostra-se que este relato de experiência fez-se pertinente para: a) ênfase sobre a importância das diretrizes do PNH constituída pelo SUS para abranger desde o início (acolhimento) até o fim do atendimento (apoio psicológico e tomada de decisão do usuário e sua família); b) o trabalho de qualidade oferecido por uma universidade pública, gratuita e de qualidade, oferecendo serviços gratuitos à população pelo aporte científico; c) evidenciar a metodologia utilizada no SAG-UEL pelo acompanhamento dos/as colaboradores/as de Psicologia e da importância do trabalho multidisciplinar em um desenho de cogestão e participativa sua relevância no atendimento humanizado.  Dessa forma, a organicidade do SAG-UEL reitera-se como pilar de um atendimento científico e de qualidade para proporcionar um ambiente seguro e acolhedor às demandas do usuário.

Notas

[1] O SAG-UEL é um programa na forma de guarda-chuva em que se alocam projetos correlacionados com as frentes de ações. Ele atende gratuitamente pessoas encaminhadas pela 17° Regional de Saúde do Paraná, por buscas espontâneas através de encaminhamentos médicos e por indicações de clínicas particulares. O Serviço tem caráter assistencial e oferece apoio psicológico e de saúde, bem como informações sobre direitos ao usuário e seus familiares.

Referências

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Fossi, L. B., & Guareschi, N. M. F. (2004). A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares. Revista da SBPH, 7(1), 29-43. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582004000100004&lng=pt&tlng=pt 

Grossi, R., Gallo, A. E., Silva, L .H., & Primo, M. S. (2009). Construção de um roteiro de entrevista para o serviço de aconselhamento genético, aplicado à psicologia. Anais do V Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial. Londrina: Universidade Estadual de Londrina. 

Grossi, R., Galbes, V., Lima, T. S., Joaquim, T. M., Santos, G. G., Zani, M. R., … Paiva, W. J. M. (2017). Manual do usuário. Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR: UEL.

Pina-Neto, J.M. (2008) Aconselhamento Genético. Jornal de Pediatria, 84(4), S20-S26.

Ministério da Saúde. (2013). Política Nacional de Humanização. Brasília, DF. Recuperado de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf 

Roquete, F. F., Amorim, M. M. A., Pinho, S. B., Souza, D. C. M., & Carvalho, D. V. (2012). Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade: em busca de diálogo entre saberes no campo da saúde pública. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro. 2(3), 463-474. Recuperado de http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/245  

World Health Organization. (1969). WHO genetic counseling. Third report of the WHO Expert Committee on Human Genetics. World Health Organization Technical Report Series No. 416. Geneva: WHO. Recuperado de https://arqhist.cle.unicamp.br/index.php/relatorio-third-report-of-the-who-expert-committee-on-human-genetics

Como citar esse texto

APA –  Krueger, T., Tinti, N. D., Gallerani, C. R., Mitt, L. M., Silva, J. O., & Grossi, R. (2021). Serviço de aconselhamento genético (SAG-UEl): práticas multidisciplinares e humanizadoras. CadernoS de PsicologiaS, 2. Recuperado de https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/servico-de-aconselhamento-genetico-sag-uel-praticas-multidisciplinares-e-humanizadoras/

ABNT – KRUEGER, T. et al. Serviço de aconselhamento genético (SAG-UEL): práticas multidisciplinares e humanizadoras. CadernoS de PsicologiaS, Curitiba, n. 2, 2021. Disponível em: <https://cadernosdepsicologias.crppr.org.br/servico-de-aconselhamento-genetico-sag-uel-praticas-multidisciplinares-e-humanizadoras/>. Acesso em: __/__/____ .